terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Pombo do horizonte


Preciso dormir.
Viajar para um mundo
do eterno sorrir

Por um segundo
horas a fio.
Profundo

Enxergar a minha felicidade;
Ver paisagens novas.
Vaidade?

Se um dia eu for
para a eternidade,
onde ninguém possa me ver,
esperar-me-á?

Se um dia eu for só lembrança
que vem com a alvorada
que aparece do nada
lembrar-me-á?

Se um dia eu for
apenas fotografia
de um dia de paz
acalmar-se-á?

São palpitações de um coração
que quer voar
para qualquer lugar
e saber que um dia
voltará



"...fly away skyline pigeon fly
towards the dreams
You've left so very far behind..."

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Poço de nada inimaginável


Cansaço atinge
Querendo fazer parar
Forças a tirar
Espalhando desânimo
De esfinge.

Ao além chama
E o chão recobrirá
Desanimado
Inanimado
Sedado
Fundo.

Partículas de um protótipo


O traçado
foi à traça
e a chegada
ao chão.
Senão:
contradição
aos meus pensamentos.
Tormento
intento ao ar
Propagar
na imensidão

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A maldição


Guardou-o. Com toda a magia existente, guardou-o. Queria manda-lo para a eternidade e foi exatamente isso que ela fez, pois havia descoberto, enfim, uma maneira. Mas, então, aquele precioso ficaria guardado por séculos, milênios talvez, até que alguém o encontrasse. Melhor, até que O Alguém o encontrasse. O precioso não poderia mais ficar sob a luz do sol, sob a pena de queimar nas profundezas eternas do inferno.  O seu sol tornou-se a lua e o seu dia, a escuridão. Seria eterno, mas com tais condições.

Janice sempre foi apaixonada por Flinston. Sim, o nome do cara era Flinston e a origem é exatamente essa que você está pensando: Os pais dele se chamavam Fred e Vilma, daí a homenagem. Mas voltando, Janice conheceu Flinston no colégio e ficou encantada com o nome exótico daquele menino. De brincadeiras inocentes, surgiu a paixão e o amor. Beijos na hora do recreio, “JF” pintado de corretivo nas carteiras, juras de amor eterno, a primeira vez, a segunda, a terceira, a quarta, o sonhado casamento, o nome dos filhos. Ah, o nome dos filhos: se fosse menina, “Pedrita”!  Previsível, não!?

Mas a vilã dos pesadelos de Janice estava para chegar. Aquela que queria ter Flinston só para ela, o beijo de Flinston, o cheiro de Flinston, o olhar de Flinston, o sorriso de Flinston, o suor de Flinston, a mão de Flinston, o instrumento de Flinston, enfim Flinston, se chamava Valdirene. E Flinston não resistiu aos encantos daquela forasteira linda, a garota mais linda que ele já havia visto. Esqueceu de todo o passado, toda a paixão, todo o amor e deixou Janice para trás.

Janice era somente lágrimas. Não conseguia esquecer tudo aquilo. Não conseguia compreender como Flinston a havia deixado. Se não era possível tê-lo em seus braços naquele momento, como tê-lo para sempre?

Surgiu-lhe a tal idéia: era filha de pai de santo e alguma mandinga havia de ter. Pegou o que havia de mais precioso, o beijo dos dois que, de acordo com as suas palavras, eram os melhores beijos do mundo, os mais gostosos e indescritíveis, e deu-lhe, para sempre, a maldição vampírica.

Guardou-o. Com toda a magia existente, guardou-o. Queria manda-lo para a eternidade e foi exatamente isso que ela fez, pois havia descoberto, enfim, uma maneira. E o precioso, pela eternidade, jamais se alimentaria do pulsar de um amor verdadeiro, mas dos sangues inocentes que perpassassem ali, com toda a sanguinolência que lhe fosse permitido.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Deixa eu te olhar


Dia se vai
o sol deitou.
A noite cai
Serenou.
E lá no canto
No alto da serra
De olhos abertos para a terra
Sem nenhum espanto
Canta o seu canto
De medo, não fuja!
Linda Coruja