quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Pontos

O ponto longínquo
de fino sabor
tão diminuto
prévio, bruto

O ponto
enquanto ponto
em imaginações individuais
de outros astrais

O ponto
do nada, na iminência
quanto mais tarda
nem sapiência

O ponto
no vento
do tempo
é encanto!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ensaio sobre o esquecimento ou A dúvida da perpetuação

Frente aos recentes acontecimentos, um dos vários questionamentos que me ocorreram foi: o que de fato eu havia produzido que seria lembrado no futuro? Qual seria a minha obra principal? Qual a minha contribuição para o mundo? Feitas todas essas perguntas, cheguei à conclusão de que não havia produzido nada de tão importante. Tudo viraria poeira. Daí então bateu uma sede de produzir, de inventar, de fazer algo extraordinário, algo que me fizesse ficar orgulhoso e que, se possível, pudesse arrancar emoções das pessoas. Mas foi só a vontade, pois nada produzi. As ideias desapareceram com a mesma rapidez que surgiram. Mas é preciso mesmo deixar algo aqui?

Sim, os grandes gênios tornaram-se imortais ao fazer produções que, talvez, nem eles mesmo tivessem ideia que seriam tão grandiosas. E, salvo algumas exceções, não tiveram a pretensão de serem grandes. E é justamente esse o ponto de partida: a despretensão. Daí, já sabia que não era um grande gênio, nem estava com tanto tempo para essa despretensão.

Mas aí veio mais um questionamento: por que ser lembrado depois? Não faz sentido. Onde seriam registradas as emoções das pessoas, os risos e talvez os prantos? Somente em outras retinas. Ou seja, ser lembrado e não poder ter ciência disso é uma droga e faz parte de um egocentrismo enraizado e não muito grande, que acabei descobrindo.


Então, felizmente, a conclusão que desconstruiu o meu objetivo deu-me o ar da graça: não há necessidade de que o mundo lembre sempre de você e, muito menos, você não deve fazer nada grandioso para tal. O simples fluir é que dá forma e beleza à vida. O medo de ser rapidamente esquecido é proveniente de uma condição anormal do espírito, aliada a uma incerteza de que se o que se fez durante toda a vida foi bom. Ser lembrado, então, é uma droga. Ser reconhecido, com um tempo presente definido, é que deve ser a essência de viver. E viver até onde der, sem medo de chegadas e partidas. Afinal, quando todas as formas de vida tiverem um fim, ninguém mais se lembrará de nada.

terça-feira, 20 de maio de 2014

E se?

Hoje a dúvida se instaurou.
E se for o contrário?
E se tiver que ser assim?
Ficou embaçado.

Mas se tiver mesmo que ir,
Ficarei bem.
Mas melhor ficaria,
Se aqui ficasse.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

És parte do que me faz forte

Você me faz querer ser melhor
Me faz querer sorrir mais
Me faz querer viver mais
E lutar contra aquilo que me esvai

Porque o seu sorriso me dá paz
E o seu amor me faz acreditar
Que a vida pode ser mais simples
E que os temores são desnecessários

Você me faz pensar na vida
No futuro, num pedido de namoro
Num sim de casamento
Em colocar meus filhos para dormir

Porque você me faz tão bem
E porque você sabe o que eu gosto
E porque eu quero a Vida
Que há em nós

Você me faz pensar em vinhos
E noites de amor
E me faz pensar em brigas
E nos sorrisos, após as pazes

Porque nosso amor é natural
E como a natureza
Tem a graça de ser pleno
E eterno reprodutor
De pequenos genes de felicidade!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

De quando o nascer se contradiz

Brota, sem hora.
Prova.
Após, novo!

domingo, 20 de outubro de 2013

Pigmentos

Às vezes é necessário ir
Quando tudo diz não vá
Mesmo quando a alma diz
Mesmo quando se quer
Estar.

Não se sabe nada
Mas só o tempo revela
O tempo que se tem
E que ainda não foi
Pintura
Na tela

É a dor e a delícia
Da obra fictícia
Tão real no sabor
Quão sabor surreal

Nos segundos, é material
Quem sabe o final?
Eternidade
Sala de arte moderna
Da saudade

domingo, 11 de agosto de 2013

Da minha pedra rolante

Daquela nota
fiz bola de meia
novelo de lã
peladas tantas
tornou-se bolota

Bolota ficou
Perdendo a linha
No abismo caiu
Tornou-se bolinha

Bolinha de gude
Também de papel
Bolinha de chiclete
Gruda até no céu

No céu ela voa
e nunca encerra
Gruda tanta coisa
Até virar Terra